TEA: a importância das relações fraternas

Psicóloga explica sobre as possíveis angústias dos irmãos de crianças com autismo

No Brasil, existem poucos estudos sobre o impacto do autismo sobre as famílias, no entanto, pode-se inferir que seja grande, pois a necessidade que uma criança com autismo demanda junto aos que convivem na mesma casa é bastante relevante. Isso influencia, inclusive, na relação entre irmãos que estão dentro desta situação.

As terapias são caras e muitas vezes a família tem que se locomover para vários centros de saúde. Em termos de atividades domésticas, por exemplo, ir ao banheiro sozinho, tomar banho com autonomia, arrumar a própria cama e até escovar os dentes, apesar de corriqueiras, tomam muito tempo para que seja ensinado. Na maioria dos estudos norte-americanos, identifica-se que a mãe fica a cargo de toda essa tarefa, além disso, as pesquisas também mostram que o estresse materno é comparado ao de combatentes de guerra.

Na família, em termos positivos, as pessoas vão se configurar em torno das necessidades da criança com a neuro divergência. A psicóloga Patricia Lorena, especialista em desenvolvimento infantil e crianças com Transtorno do Espectro Autista, cita algumas situações em que isso ocorre: “Se em determinada cidade não há atendimento, a família precisa migrar para outro local. Se em determinada escola não há uma inclusão adequada, a família também procura e às vezes encontra centros distantes da casa, o que resulta em uma mudança radical para a família. E tudo isso pode impactar na saúde mental, tanto dos irmãos”.

Como os pais vão dedicar maior esforço para a educação da criança com autismo, o irmão acaba sendo cobrado a desenvolver uma maior responsabilidade que não lhe compete, pelo fato da necessidade de maturidade e autocuidado. “Eles veem que a mãe doa muito tempo para o irmão com autismo, então rapidamente percebem que precisam se alimentar ou fazer as lições de casa sozinho, por exemplo, pois encontram pouca dedicação da genitora” – explica a psicóloga.

Por outro lado, dependendo de como a família vai tratar essas questões, o irmão daquele que tem autismo pode se sentir abandonado e rejeitado por sempre ter que suprir suas necessidades sozinho. Além disso, ela pode desenvolver senso de grandiosidade, na esperança de salvar a própria família. A interação com o irmão com TEA é difícil, porque geralmente as crianças com essa neuro divergência não têm comunicação verbal, intencional e funcional eficaz. Muitas vezes, toda essa dinâmica pode causar angústias, incertezas do amanhã e até vergonha por conta das crises que podem vir a ocorrer com as crianças com Transtorno do Espectro Autista.

Aos 19 anos, Patricia ingressou na Universidade Presbiteriana Mackenzie para estudar psicologia. Aos 35, quando sua filha nasceu, foi diagnosticada com autismo em uma época em que as informações sobre a doença não existiam como hoje. Desde os primeiros meses, a mãe já havia percebido alguns sinais, e logo começou a difícil jornada atrás do diagnóstico. Somente após 5 anos conseguiu a certeza de saber o que era. Patrícia trabalha junto a sua colega, Rosângela Batista, na Clínica Mundo Neuropsi, que fica na cidade de São Paulo, próximo à Parada Inglesa, um sonho dividido por ambas as amigas que visa atender crianças com transtornos do neurodesenvolvimento. “Essas crianças são as melhores pessoas que eu já conheci aos meus 51 anos”.

Patrícia comentou que se sente muito privilegiada em trabalhar com os autistas, justamente por serem pessoas “sem maldade”. O que lhe empolga e faz seguir seu trabalho com muita felicidade é ver uma criança evoluindo, e junto a isso, os seus pais orgulhosos em acompanharem cada passo.

Serviço: https://mundoneuropsi.com.br/

https://www.instagram.com/mundo.neuropsi/

Fonte: Assessoria de imprensa