Especialista Mayra Cordeiro explica como a Medicina Tradicional Chinesa pode ajudar no combate a depressão
O número de pessoas com depressão no mundo é alarmante. Segundo a Organização Mundial da Saúde, 350 milhões de pessoas sofrem com a doença. Atualmente, já se observam padrões depressivos inclusive em crianças de apenas 6 anos de idade. Para a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), essa tristeza profunda chamada depressão origina-se no desequilíbrio entre mente, alma e corpo, desencadeando consequências físicas e que podem se manifestar de diferentes formas em cada pessoa.
Muitos fatores, principalmente internos, podem desencadear a depressão. A doença tem cura, mas o processo pode ser longo e muito sofrido. Ainda assim, é um exercício de conhecimento profundo. Um dos maiores desafios para quem sofre de depressão é identificar a causa, a raiz do sofrimento.
A depressão pode ser metabólica, quando é causada por alguma deficiência ou falta de algum nutriente no organismo; ou emocional. Quanto mais medicação o paciente toma, mais depressivo ele fica, porque perde o contato com a causa raiz, apenas minimizando os sintomas.
A MTC define a depressão Yian (pela deficiência) e Yang (pelo excesso). A depressão Yin é quando a pessoa perdeu tanta energia que tem dificuldades em buscar inspiração; tem baixa motivação; é frágil; está sempre cansado; desencadeia problemas de alimentação; entre outros. Já a depressão Yian surge quando a pessoa tem excesso de pensamentos; faz atividades demais; excesso de emoções; fica tão sobrecarregada que se deprime, porque se ocupa demais com as coisas e esquece o Eu. Neste último caso, recomenda-se a terapia psicanalítica.
A respiração como ferramenta auxiliar para o combate à depressão
O recurso da respiração pode auxiliar muito em momentos de desânimo, tristeza ou dificuldades no dia a dia. Há uma melhora significativa da cognição, da mente e das emoções, aumentando o metabolismo e fazendo com que o corpo seja capaz de absorver o que ele precisa, reconhecendo e saboreando a felicidade. Uma pessoa que é mais animada tem uma respiração também mais animada, com maior amplitude, maior movimentação corporal. Mas quando a pessoa está deprimida, essa respiração é mais contida, mais fraca. Enquanto o depressivo se fecha para o mundo, a respiração vem para ajudá-lo a fazer exatamente o contrário, abrir-se novamente, buscar seu espaço, movimentar-se novamente e desperta-se.
Exercício da respiração:
Sente-se em uma posição confortável, em um ambiente tranquilo. Comece a perceber a sua respiração, inspirando e expirando naturalmente. Depois, aprofunde mais essa respiração. Inspirando pelo nariz, expirando pela boca. Movimentando os braços como se fosse levar algo que estivesse na altura do seu abdômen até a sua boca e descendo com os braços novamente, num movimento inverso.
Vá sentindo todo o seu corpo (lombar, quadril, coluna, cervical, cabeça e mente). Respire com força, enchendo o peito de ar e soltando esse ar. Concentre-se no pulmão. Com uma respiração mais profunda ainda, leve sua concentração para o intestino, expandindo e contraindo o abdômen no mesmo ritmo da respiração.
Neste momento, aumente a movimentação dos braços, abrindo e fechando, como se estivessem enchendo um balão entre suas mãos e, depois, pressionando esse balão com força. Com esse movimento cada vez mais amplo e consciente, inspire bem forte abrindo os braços e unindo as escápulas nas costas e expire contraindo bem a barriga, colando o umbigo nas costas.
Todo este movimento faz com que você se abra novamente. Inspire para a vida, expanda o peito, pegue as coisas boas, os bons sentimentos e emoções e traga tudo para você de volta, guardando para você o que é bom, o que te faz bem. É a expansão da mente se abrindo para as boas emoções.
Essa respiração massageia os órgãos vitais e faz com que a pessoa se sinta mais disposta, chamando o corpo para se movimentar. É o meditar em ação. Deve ser feito todos os dias, pela manhã e à noite. Pode começar praticando durante 10 minutos até criar uma rotina e ampliar o exercício para 40 minutos.
Alguns podem sentir, no início da prática, uma leve tontura por conta da oxigenação e aumento do fluxo sanguíneo, mas ao continuar o exercício, essa sensação passa e dá espaço para o prazer e um delicioso relaxamento.
Leia mais sobre depressão:
http://omeurefugio.com.br/conto-do-mes-o-espelho/
* Conteúdos produzidos com base nas “lives” de Mayra Cordeiro, fisioterapeuta especialista em Medicina Tradicional Chinesa